O
texto que ora escrevemos tem como finalidade falar sobre o realismo e o romantismo
e a relação conflitante existente entre eles. Não se pretende aqui fazer
qualquer apologia ao tema, todavia, visa com certeza, conduzir o leitor a uma
reflexão de ordem tão somente pessoal na direção de Deus.
O
diabo dá o seu pronunciamento, dizendo que no começo de tudo ele estava ao lado
de Deus, numa boa, sem reclamações, feliz, tocando e cantando várias canções e
entre elas, cantava: “Tô nem aí, to nem aí...”, até o momento que o Senhor da
esfera e de tudo que há, se pronunciou dizendo em criar um casal, para povoar a
terra. Cada representante dessa união sentiria um sentimento muito forte pelo
outro, o amor.
Aí,
o diabo se manifestou dizendo: Senhor, Tu és tão poderoso e vai criar uma coisa
fraca. O amor é muito frágil e se desgasta com o tempo. O amor não é semelhante
ao superbond, ele descola se dissolve
e não se prolonga. O amor não acaba no Senhor, mas no homem ele deixa de
existir. Tudo é uma questão de tempo.
Disse
Deus: primeiro não é bom que nenhum ser humano viva na solidão, não quero o
homem sozinho. O amor entre ambos deve ser regado, todos os dias regarão, assim
como, quero que eles reguem a terra. O amor
é responsabilidade deles.
O
diabo se manifesta outra vez: Senhor, essa coisa de amor é a mesma coisa que
ter um pássaro pousado na ponta do dedo. Quem tem esse pássaro no dedo sabe que
a qualquer momento ele pode voar. O amor liberta e não aprisiona. Como
construir uma união, mediante a possibilidade de voo? Haverá muitas separações,
por que viver a ilusão do amor?
Disse
o Senhor: Preste atenção! Eu sou o Senhor, quero tão somente o bem deles, a
minha felicidade é vê-los feliz e outra coisa, aquilo que o Eu, o Senhor juntar,
não separe o homem. Eu, o Senhor menciono a verbo separar de maneira
subjuntiva, pois sei que há possibilidade deles se separarem. O modo
subjuntivo indica dúvida, ele é hipotético, não garante nada. Eu não digo: aquilo que Eu o Senhor juntar o homem não
separa, de maneira indicativa. Este modo indica certeza, mas não haverá nenhuma
garantia deles viverem assim, por isso a vida deles será subjuntiva. Logo, não
me será estranho isso acontecer. Pois após eles pecarem, até mesmo Eu, o Senhor
serei acusado pelo homem que chamarei de Adão. Ele me dirá: “a mulher que Tu
me deste me fez comer do fruto...”. Observe que entre eles haverá litígios,
contendas, dissensões. O meu desejo, a minha vontade que o amor entre eles seja
até que a morte os separe e não como dizem que seja infinito enquanto dure.
Disse
o diabo: Penso diferente. Simone de Beauvoir filósofa francesa, declarou que a única instituição que mata o amor é o
casamento, logo, para que o casamento não morra há uma saída, ainda que vivam
de aparência e conveniências, presos as multiformes convenções sociais: Acredito que se eles viverem se odiando eles
terão mais dificuldade de separarem-se. O ódio os unirá. O poeta Guimarães Rosa
certa ocasião declarou que quem odeia o outro, o leva para cama. A diferença
que há entre o amor e o ódio é que o amor, por causa da liberdade, abre a mão e
deixa o outro ir. No amor existe a permanente possibilidade de separação. O
ódio segura o casal. Os casamentos mais sólidos são baseados no ódio. E sabe
por que o ódio é mais forte que o amor dando estabilidade da vida matrimonial?
O ódio não suporta a fantasia do outro voando, contente e feliz. O ódio
constrói gaiolas e dentro delas, cada um se nutre da infelicidade que pode
causar. Eles ficam juntos para se torturarem. É a suprema felicidade de fazer o
outro infeliz.
O
diabo fala que a sua separação de Deus, se deu por haver entre eles muitas
discordâncias. Ganhou um chute no traseiro e saiu do ambiente glamouroso para
ficar mostrando aos casais na terra que a vida é feita de realidade e não de
ilusões.
Como
músico celestial que era o diabo sugere aos casais, que vão se casar, o toque
da marcha nupcial, com a letra que ao autor preparou para lutar contra o mal: “Os guerreiros se preparam para a grande luta...”.
Disse
Deus ao diabo: Se depender de você a instituição casamento acaba. Contudo, eu
lhe afirmo esta instituição, jamais acabará porque Eu, o Senhor a criei e a
família é o meu projeto. Quanto ao amor do casal, a felicidade, ambos terão que
fazer a sua parte para viver juntos. Na vida deles eu não me meto, só lhes
mostro a minha vontade. Haverá dureza no coração de muitos casais, ou na vida
do cônjuge, entretanto, quanto a este aspecto não farei nenhuma imposição. Eles
que se resolvam.