quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A CAMA CURTA

"Porque a cama será tão curta, que ninguém se poderá estender nela; e o cobertor, tão estreito, que ninguém se poderá cobrir com ele". (Isaías 28.20).


Parece que nessa situação de desconforto, de alguma coisa faltando, a existência de incômodo, de inquietude, a percepção que o objeto de desejo nunca é alcançado e o gozo nunca é realizável, de maneira plena após a realização do prazer (seja do que for), temos a sensação de vazio por não poder ter uma continuidade, precisando sempre ser renovado depois de um período de tempo . Percebemos que na busca do gozo há algo além do próprio gozo. A busca de um objeto que não se sabe o que é, e que o gozo por si só não satisfaz. Ele nunca será pleno. Mediante a impossiblidade de ser alcançado haverá sempre um niilismo existencial, onde a religião ao tentar dar solução, prejudica mais ainda, trazendo o sentimento de angústia e culpa, conflitando mais ainda a existência.

A posição desconfortável que muitas das vezes nos encontramos na cama curta, (esta se explica pela nossa relação coma vida), deixa-nos vulneráveis a dores musculares além da exposição a friagem. Haverá, então, dificuldade de relaxar e aliviar a ansiedade, resultante do local onde nos encontramos deitado.

Todas as soluções humanas não são suficientes para trazer conforto para o coração. Muitos ganham bem, tem um excelente salário, são bem sucedidos no emprego ou função que exercem, são percebidos na esfera social, admirados, possuem um senso de realização pessoal muito abrangente, muitos são poderosos, falam e as coisas acontecem, mas em todo esses processos de realização, vivem a crise do nada subjetivo perdidos em si mesmos. A demanda do desconforto está muito além das realizações alcançadas, porque a cama não é suficiente ao repouso e o cobertor não protege do frio.

O conflito geográfico (coração) ou seja, a luta endógena, subjetiva, local onde se realiza as batalhas geradoras de desconforto, sempre será permanente, passando por um sentimento de alívio quando não se nega aquilo que verdadeiramente deseja.


"O bem que eu quero fazer não faço, mas o mal que não quero estefaço continuamente" (Rm.7.19). 

Se alguém repete, o que não se quer fazer, porque está evidente que ela não tem livre arbítrio para fazer o contrário, ficando assim, caracterizado o determinismo psicológico, o que é impossível de ser diferente.


O conflito com a cama e o cobertor manter-se-á em continuidade ininterrupta. Só há uma coisa a fazer par evitar o stress emocional e biológico:  carpe diem!