"Que diremos pois? Permaneceremos no pecado para que a graça abunde? Não por certo! Nós, que estamos mortos para o pecado, como ainda viveremos nele"? (Rm 6,1).
"Porque aquele que está morto está justificado do pecado" (Rm 6.,7).
"Se dissermos que não temos cometido pecado fazemo-lo mentiroso e a sua palavra [logos, Jesus] não está em nós" (I João 1.10).
MORTO MAS "VIVO" PARA "ele"
Como pode alguém que está morto para o pecado estar vivo ainda para ele? Em Romanos 6.3 encontramos a forma verbal composta "fomos batizados em Cristo" cuja significação no texto grego transmite a idéia de uma ação sofrida pelo sujeito, e este sendo passivo, é também uma efetivação de algo que jamais se repetirá. A locução "em Cristo" cuja preposição é "em", esta no grego do Novo Testamento significando um movimento para dentro eis, este enfatiza o sepultamento do pecado. Estamos constatando que o túmulo que hoje está vazio "já estivemos nele". Como? Vejamos o que diz Efésios 2.6: "e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar em lugares celestiais em Cristo Jesus". A informação lógica do versos não se duelam, nem dualizam, mas transmite a síntese dialética de textos que são apresentados como realidades não metafísica exigidas pelas imprudências exegéticas e hermenêuticas dos utilizadores do livro negro, hoje com suas multicores, razão das várias versões tendenciosas e de doutrinação política.
Voltemos aos textos de Romanos 6. Tanto no batismo da sua morte como na ressurreição, teve entre eles uma cruz. O verso 6, diz-nos que "o nosso velho homem foi crucificado". Sofrendo a ação do verbo (crucificar encontra-se na voz passiva), a natureza adâmica foi eliminada de uma vez por todas, não existindo nada, absolutamente nada para se fazer. "Pois quem morreu está justificado do pecado" v.7 Aqui, Justificado no grego significa algo que aconteceu em tempo passado, cujo efeito permanece para sempre. Isto quer dizer justificado do pecado de uma vez por todas. O nosso passado de pecado, o nosso presente pecaminoso ("se [no presente] dissermos que não pecamos, Deus é mentiroso..." I João 1.10) e o futuro estão resolvidos em Deus. A Expressão "do pecado" ainda no v. 7 tem uma preposição grega apó que informa a origem de, de onde parte, isso para declarar que a justificação tem seu efeito inicial onde se originou o pecado.
Vejamos o que nos diz Hebreus 10.12 "Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus". A locução "pelos pecados", neste verso, vem acompanhado da preposição grega hyper, e esta deve ser imaginada acima de um círculo. Esta preposição apresenta o maior teor de significação entre as preposições gregas ao que concerne a resolução absoluta dos pecados para sempre, consequentemente à salvação. A preposição hyper está sobre o círculo imaginário sem nele encostar. A suficiência do perdão pelos pecados de muitos foi metafisicamente resolvida em hyper.
Vimos anteriormente que tudo já foi resolvido em Cristo a favor dos que creem, mas não estamos resolvidos em nós mesmos. Como a dialética visa à síntese, depois de considerar a tese e a antítese, o que ela tem a nos dizer parece estar de maneira conclusiva na frase latina dita por Lutero:
Evidencia-se então, que a Graça só é Graça porque o homem é um ser continuadamente e categoricamente miserável.