sexta-feira, 9 de setembro de 2011

CONTUMAZES


"Que diremos pois? Permaneceremos no pecado para que a graça abunde? Não por certo! Nós, que estamos mortos para o pecado, como ainda viveremos nele"? (Rm 6,1).


"Porque aquele que está morto está justificado do pecado" (Rm 6.,7).

"Se dissermos que não temos cometido pecado fazemo-lo mentiroso e a sua palavra [logos, Jesus] não está em nós" (I João 1.10).

Se cometemos pecado, logo estamos vivos. E se negarmos que pecamos o logos, o verbo divino não está em nós. A única condição dele estar em nós é declararmos que temos cometido pecado. Então, o que é estar morto e justificado do pecado?

Vivemos realidades tão ambíguas ao que concerne a realidade interpretativa da bíblia, que percebemos ao longo dos tempos, que a verdade do evangelho tem sido predicada de maneira tão inescrupulosa em vários segmentos religiosos, cujas informações passam e os questionamentos não surgem, nada é interrogado, porque após a leitura do livro negro, feita pelo líder na nave eclisiástica, o ambiente fica aureado pelo o que foi lido e a "autoridade" do templo é vista como a voz de Deus. Neste parágrafo "apelamos" (não como os apelos pulpitais, que na verdade são apelações), isto é, queremos convidar aos que tem lido as matérias deste BLOG mais uma vez à reflexão. Esta visa tão somente mostrar algumas impossibilidades da vida, que tem sido declaradas como possíveis. É feita uma brincadeira sem escrúpulos de PIC SE ESCONDE e nas nuvens, onde tudo é muito nebuloso, ofuscando a visão daquilo que deveria ser visto.


MORTO MAS "VIVO" PARA "ele"



Como pode alguém que está morto para o pecado estar vivo ainda para ele? Em Romanos 6.3 encontramos a forma verbal composta "fomos batizados em Cristo" cuja significação no texto grego transmite a idéia de uma ação sofrida pelo sujeito, e este sendo passivo, é também uma efetivação de algo que jamais se repetirá. A locução "em Cristo" cuja preposição é "em", esta no grego do Novo Testamento significando um movimento para dentro eis, este enfatiza o sepultamento do pecado. Estamos constatando que o túmulo que hoje está vazio "já estivemos nele". Como? Vejamos o que diz Efésios 2.6: "e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar em lugares celestiais em Cristo Jesus". A informação lógica do versos não se duelam, nem dualizam, mas transmite a síntese dialética de textos que são apresentados como realidades não metafísica exigidas pelas imprudências exegéticas e hermenêuticas dos utilizadores do livro negro, hoje com suas multicores, razão das várias versões tendenciosas e de doutrinação política.


Voltemos aos textos de Romanos 6. Tanto no batismo da sua morte como na ressurreição, teve entre eles uma cruz. O verso 6, diz-nos que "o nosso velho homem foi crucificado". Sofrendo a ação do verbo (crucificar encontra-se na voz passiva), a natureza adâmica foi eliminada de uma vez por todas, não existindo nada, absolutamente nada para se fazer. "Pois quem morreu está justificado do pecado" v.7 Aqui, Justificado no grego significa algo que aconteceu em tempo passado, cujo efeito permanece para sempre. Isto quer dizer justificado do pecado de uma vez por todas. O nosso passado de pecado, o nosso presente pecaminoso ("se [no presente] dissermos que não pecamos, Deus é mentiroso..." I João 1.10) e o futuro estão resolvidos em Deus. A Expressão "do pecado" ainda no v. 7 tem uma preposição grega apó que informa a origem de, de onde parte, isso para declarar que a justificação tem seu efeito inicial onde se originou o pecado.


Vejamos o que nos diz Hebreus 10.12 "Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus". A locução "pelos pecados", neste verso, vem acompanhado da preposição grega hyper, e esta deve ser imaginada acima de um círculo. Esta preposição apresenta o maior teor de significação entre as preposições gregas ao que concerne a resolução absoluta dos pecados para sempre, consequentemente à salvação. A preposição hyper está sobre o círculo imaginário sem nele encostar. A suficiência do perdão pelos pecados de muitos foi metafisicamente resolvida em hyper.


MAKE-UP


"Se dissermos que não cometemos pecado fazemos de Deus um mentiroso e a sua palavra (logos, Jesus) não está em nós" (1 João 1.10). O verbo para "cometer pecado” expressado no texto grego é de uma ação continuada no presente tendo seu início em tempo passado, que não nos permite negarmos que somos pecadores contumazes. Torna-se necessário saber que o pecado acontece no interior do homem, na sua subjetividade. Logo, todo pecado ocorrido na esfera objetiva, exterior é um efeito nunca uma causa. Não é necessário acontecer nada fora para se caracterizar pecado. Ele está dentro. Os sentimentos advogam a favor do pecado. O pecado é o nosso desejo apologético escondido, agasalhado na endogenia da alma duelando com a nossa make-up cristã.

Vimos anteriormente que tudo já foi resolvido em Cristo a favor dos que creem, mas não estamos resolvidos em nós mesmos. Como a dialética visa à síntese, depois de considerar a tese e a antítese, o que ela tem a nos dizer parece estar de maneira conclusiva na frase latina dita por Lutero:

"Esto peccator et pecca fortiter, sed fortius fide et gaude in Christo".

TRADUÇÃO

"Seja pecador e peque audaciosamente, mas creia fortemente em Cristo e se regozija".

Palavras de Lutero a Felipe Melanchton, cuja finalidade foi de afirmar que nenhum pecado, deliberadamente cometido, invalida o que Cristo fez. A cruz nos dá a certeza que continuaremos pecando, sendo assim, a cruz deve ser vista como um evento escatológico, não um evento para dar garantia somente ao nosso passado. A cruz é um evento além do tempo e também sempre presente.

Evidencia-se então, que a Graça só é Graça porque o homem é um ser continuadamente e categoricamente miserável.

"Miserável homem eu sou" (Rm. 7.24). Observe que o homem É miserável e não ESTÁ miserável. Não há aqui acepção de pessoas. Todos somos, cristãos e não cristãos. A única diferença entre os grupos é Jesus.