quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A LIBERDADE


Dr. Martinho Lutero

Lutero, um homem que alcançou a liberdade e ousou ser diferente, ou seja, ser ele mesmo, atormentado pelos pecados descobriu em grande conflitos a essência da graça. O justo viverá pela sua fé. Lutero teve um insight exegético ao dar a declaração que veremos abaixo, contudo, antes criemos um silogismo, para melhor compreensão da percepção de Martinho, sobre a sua ótica textual:


Todos os homens são mortais

Ora, João é um homem

Logo, Francisco é mortal


Observe que Matinho Lutero inicia a sua frase abaixo fazendo uso de um cláusula condicional, contudo, dá a ela um aspecto afirmativo, indicativo caracterizando a não relação de dúvida. É óbvio que não é um silogismo, todavia, o exemplo acima tem por finalidade conduzi-lo a um raciocínio lógico ao que vem a seguir:


Se a natureza é pecadora, se o mal está embutido em nossos corações, se o pecado habita em nossa carne, então tudo que o ser humano faz é considerado pecado. Lutero vai além dessa afirmação, dizendo que até mesmo as boas obras dos cristãos são consideradas, sob a ótica de Deus, pecado. Ele explica sintetizando Romanos 3.10-12: “Não há ser humano justo sobre a terra que faça o bem e que não peque”



EU FIZ, EU FIZ, EU FIZ




Para Lutero o homem deveria ser livre dos seus medos. Essa libertação só poderia ocorrer quando o homem percebesse que não são seus méritos que o tornam justo perante Deus, e sim sua fé, enquanto o homem pensa em méritos tem medo de não ser aceito. Logo, ele luta pelo reconhecimento e aplausos dizendo: eu fiz, eu fiz, eu fiz, eu fiz. Eu sou, eu sou, eu sou.


PRESO, PERDEU A CABEÇA MAS ERA LIBERTO! (NÃO É MANCHETE DE JORNAL)


"E eu [Jesus] vos digo: entre nascidos de mulher, ninguém é maior do que João..."(João 7.28).

Como entender essa declaração? João o Batista se alimentava de mel e comia gafanhoto e se vestia de couro de camelo com um cinto amarrado à cintura. Agora se encontra preso por denunciar o erro de Herodes, o poderoso Rei da época.
Cabe aqui um momento para reflexão: Aos olhos da sociedade contemporânea a João e a de hoje quem seria ele? Um miserável, um sem terra, um duro, ferrado, um homem sem perspectiva de vida, maltrapilho, cuja cabeça foi pedida num prato. Entretanto, Jesus afirma que entre nascido de mulher não houve ninguém maior do que ele, Joãozinho, não o trinta mas o único.

  • Muitos na sociedade diriam que os maiores são os que tem o poder, são os que tem o carrão do ano, casa na praia, muito dinheiro, etc. Para Deus parece não ser nada disso. Temos visto pessoas de grandes posses, outras metidas a besta, na verdade bestas, outras que não sabem onde enfiar os seu bens, talvez até saibam, a questão é o espaço (Lucas 12.17,18), pessoas tais, que andam com profundos conflitos de existência, sem liberdade, aprisionadas em si mesmas, submetidas a Ipraminas, Clomipramina, Amitripilina, sertralina, etc., por não verem mais sentido à vida, à existência (não que sejamos contra ao uso desses tricíclicos, embora a sertralina não seja quimicamente um tricíclico, todavia, muitas das vezes dão uma boa resposta aos quadros depressivos, os quais possuem atribuições, principalmente quanto ao efeito propulsor de motivação), no entanto, vemos Jesus falando de um homem, que era maior que o Rei que o condenou a prisão e a morte. Rei cujo poder não lhe garantia a liberdade! Jesus ao referir-se a João fala daquele que não tendo nada abençoava a muitos.

Ela [Herodias] saiu e disse à sua mãe: “Que pedirei?” “A
cabeça de João Batista”, respondeu ela. Imediatamente
a jovem apressou-se em apresentar-se ao rei com o pedido:
“Desejo que me dês agora mesmo a cabeça de João Batista
num prato”. O dia de sorte para Herodias chegou. A crueldade
das duas mulheres é impressionante. A palavra “prato” também
pode ser traduzido como “travessa”. Com a promessa feita por
Herodes perante os convidados não havia mais como salvar João
Batista. Nem outra chance para que “o rei” pudesse escapar da
armadilha na qual ele foi pego.
O rei ficou aflito, mas, por causa do seu
juramento e dos convidados, não quis negar o pedido à
jovem. Enviou, pois, imediatamente um carrasco com
ordens para trazer a cabeça de João. O homem foi,
decapitou João na prisão e trouxe sua cabeça num
prato. Ele a entregou à jovem, e esta a deu à sua mãe. (Mc. 6.24-28)



O orgulho de Herodes e seu temor de ser envergonhado diante seus
convidados, que tinham ouvido sua promessa durante o jantar, era
mais forte do que seu medo de destruir o homem de Deus.
Herodias havia vencido o poderoso escravo, o não liberto Herodes.


A cabeça dentro no prato LIVRE do restante do corpo! Dicotomia da libertação!

João exemplo de liberdade!


Percebemos que a liberdade do homem está na alma, na subjetividade. A liberdade é endógena, nunca exógena, a liberdade é o Filho de Deus internalizado nos seus eleitos dando-os a libertação das ilusões que condicionam a vida. Quem é livre não está preso a nada, ainda que possua muitas riquezas neste mundo, não se deixará levar por elas, porque o tesouro do seu coração é o Reino de Deus. "Onde estiver o seu tesouro aí estará também o seu coração"(Mt. 6.21).

A liberdade quanto a prisão são tessituras do coração!


INSTITUIÇÕES VERSUS LIBERDADE


A liberdade em Cristo enfraquece o poder de algumas instituições, pois elas dependem de servos manipuláveis que obedeçam e nada questionem. Ora, este parágrafo refere-se de maneira óbvia e clara às institições religiosas que são antagônicas ao conceito de liberdade. Na religião se faz, na liberdade do evangelho não temos obrigações a fazer.

Os que pensam como Lutero são considerados hereges, subversivos que querem corromper a fé.

Jesus declarou na cruz: Está tudo consumado(tetelestai), tudo foi pago completamente! Cristo libertou os seus eleitos dos princípios normatizantes, para evitar a identificação entre o evangelho e a infelicidade religiosa, fazendo-os livres de tudo e de todos, concedendo a eles a liberdade, que só pode ser experimentada nEle.

Disse Jesus: Se o filho vos libertar verdadeiramente sereis livres

Livres!

Sola Libertad