terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

DISCURSO DE FORMATURA



AGRADECIMENTOS:



Agradeço ao Deus Soberano por mais este momento em minha vida e na vida de todos os que aqui nos encontramos para junto homenagearmos os formando em filosofia, sendo eu também um dos componentes a receber o título de Bacharel em Filosofia.

Agradeço ao Sr. Diretor, Pastor Aécio Pinto Duarte por ser um dos responsáveis por esse projeto. Agradeço ao Doutor, Pastor, Roberto Carvalho Administrador do Curso através da Faculdade de Ciências da Bahia (FACIBA) em Macaé.

Quero lembrar com expressão de profundo agradecimento ao corpo docente que tão brilhantemente atuou com aulas magníficas e de espetacular aproveitamento.

Gostaria também de fazer referência ao corpo discente, aos colegas com os quais tive momentos importantes e de grande troca de conhecimento, tendo sido muito enriquecido pelas contribuições no período que estivemos juntos estudando.

Quero manifestar os meus agradecimentos se porventura nesta nave se encontra alguma autoridade, ficando aqui as minhas considerações.


Introdução.


Neste momento singular que estamos vivendo me trouxe a memória um escritor realista e poeta chamado Machado de Assis, que escreveu um conto intitulado A Teoria do Medalhão em 1881 que posteriormente foi integrado ao livro Papéis Avulsos em 1882.

Neste texto o autor, por meio de um discurso bifocal, apresenta conselhos inescrupulosos de um pai para um filho visando alcançar prestígio em uma sociedade de aparências. Edificado sobre as bases da ironia, a obra aponta para a valorização do parecer acima do ser, analisando o comportamento medíocre por meio do qual se pode ascender socialmente sem grandes esforços.

O filho alcançou a maioridade e o pai dirigindo-se a ele dizendo: “filho já que é de maior idade ingresse numa Faculdade, tenha um nível superior, contudo jugo ser mais interessante, tornar-se um medalhão”. Perguntou o filho: “ o que é ser medalhão, papai”? Respondeu o pai: “olha, filho, quando você começar a estudar na faculdade não se preocupe em tirar boas notas para passar, basta somente a nota mínima que lhe será suficiente. Após formado procure usar boas roupas, mantenha sempre boa aparência, mostre as pessoas que ‘conhece bons livros’ ainda, que seja só pelo título, porque você não os leu nem lerá. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão e originalidade, pois você meu filho depois de formado não saberá nada, será um inepto mental, um "burro".

Machado de Assis de uma maneira visionária referenciou no seu conto a ironia sobre o título de Bacharel. Sendo assim, fica aqui a nossa preocupação, nós os formandos de termos condições de responder e corresponder ao título de Bacharel que a partir de hoje passamos a usufruir.


LEITURA BÍBLICA


LUCAS 18. 9-14


Porpôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, de desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como o demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano, jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito dizendo: Ó Deus, se propício a mim pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele;porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado”


Oração: Que Ele, o Senhor, abençoe a leitura lida e a reflexão que neste momento estaremos a predicar!


Introdução da mensagem:


A parábola contada por Jesus tem muita informação a nos oferecer dentro as quais gostaríamos de fazer algumas considerações ao texto lido.

Por que Jesus ao contar a parábola escolhe um fariseu e um publicano? O que esses homens significavam na sociedade?


1. Fariseu é o nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C. Sua oposição ferrenha ao Cristianismo rendeu-lhes através dos tempos uma figura de fanáticos e hipócritas que apenas manipulam as leis para seu interesse. Esse comportamento deu origem à ofensa "fariseu", comumente dado às pessoas dentro e fora do Cristianismo que se valem do moralismo ético e religioso numa tentativa de ser(em) aceito(s) por Deus.

Infelizmente muitos acham que a moral e a ética são restritivas dos evangélicos, quando não, tanto a moral quanto a ética devem ser usadas por todos, budistas, xintoístas, espíritas, etc., a moral e a ética são para todos. O filósofo Emanuel Kant no seu livro Critica da razão Prática declara que essa participação deôntica é para todos

A ética, portanto, é toda ação humana, que toma por objeto de intervenção, outra ação humana do próprio agente ou de outro. Ética é um feito e um discurso, assim sendo, conduz para um julgamento moral de conduta .

A ética não salva, não justifica a ética não leva ninguém para JUNTO DE DEUS!

A ética cristã deve ser vista SOMENTE como função pedagógica e somente isso.

A pureza, a ética e a moral e NÃO a justiça de Deus realizada em Jesus converteram-se nos meios cardeais à salvação. Infelizmente! Categoricamente contrário o que as escrituras têm a nos informar. Vejamos:

Vejamos o que nos diz Êxodo 20.2: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que ti tirei da terra do Egito, da casa da escravidão”

Após a libertação é dado aos libertos os Dez Mandamentos, sendo que o dois primeiros mandamentos são violentíssimos, dizemos violentíssimos porque quando os internalizamos, sofremos porque deixamos muito a desejar. Sendo assim, percebemos com clareza que a nossa libertação do Egito supera os Dez mandamentos, razão da nossa pequenez e finitude em cumpri-los. Como diz o Apóstolo se cumprimos uma parte da lei e não toda a lei a invalidamos por completo.

Por isso que em êxodo 20.2 encontramos a manifestação da Graça de Deus que superabunda sobre os nossos pecados, pela nossa incapacidade de cumprimos a lei, razão pela qual Paulo aos romanos diz-nos que o fim da Lei é Cristo. Ele a cumpriu por nós.

OBSERVAÇÃO: Após a libertação do Egito vem os preceitos éticos e morais, não pode ser invertida essa posição. Primeiro a graça, a libertação. Depois de liberto não se volta mais para o Egito só que no caminhar faz-se necessário observar preceitos estabelecidos por Deus, ainda que não observados não invalidam a saída do Egito! Libertos, libertos para sempre!


CONSIDERAÇÕES SOBRE DOIS PERSONAGENS BÍBLICOS


Davi Homem segundo o coração de Deus não surpreendeu o Senhor, com a prática de adultério nem com a co-autoria de homicídio. Deus não foi pego de surpresa, Ele sabia que Davi praticaria tais atos, contudo, Deus o considerou homem segundo o Seu coração.

Sanção. Os puritanos falam somente a profecia do nascimento dele. E é o úncio fato que ele não está presente, porque na sua vida ele teve muitas falhas éticas e morais, razão porque os “puros” não fazem menção a ele. Os puritanos não fazem porque não são puritanos, mas puritânicos. Eles excluem o que a Bíblia não exclui. Sanção é honrado na cartas aos Hebreus na galeria da Fé.

Davi e Sanção são lembrados juntamente em Hebreus 11.32.

Nunca e jamais os padrões de ética e moral serão decisivos para estarmos com Deus.


QUEM ERA O DEUS DO FARISEU?


O deus do fariseu da parábola foi o deus anunciado no século XIX por Ludwig Andreas Feuerbach um deus construído a sua imagem e semelhança. Deus Feuerbachiano. O Filósofo alemão declarou que Deus não criou o homem , mas sim o homem que criou Deus. Em parte ele tem razão. O deus do fariseu era um deus construído, um deus do imaginário, razão de orar de si para mesmo! Nessa oração fazia referência a um deus, agradecendo por tê-lo feito diferente, o melhor, preterindo ao outro que estava no mesmo lugar, no mesmo ambiente.

2. Se não formos cuidadosos e nos valeremos de estereótipos, de ações aparentes afim de esconder aquilo que nos está oculto, escondido, absconditus na nossa subjetividade, travestiremos numa roupagem aparente com a intenção de esconder o que está debaixo do pano acusando os outros daquilo que é propriamente nosso, ou seja, uma projeção nossa, sobre o nosso semelhante.

3. Vejamos no Evangelho segundo nos escreveu João 8.3,4,5, 7

“ Os escribas e fariseus trouxeram á sua presença uma mulher surpreendida em flagrante adultério (...) disseram –lhe a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas, tu, pois que dizes? (...) Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra”.

OBSERVAÇÃO: Gostaríamos de fazer uma observação de cunho exegético sobre a frase “aquele que dentre vós estiver sem pecado...”

A tradução fiel seria: “ Aquele que não tiver cometido o mesmo pecado dela atire a primeira pedra”

Este é momento que Jesus conduz os acusadores daquela mulher internalizarem a ética, a moral. Agindo daquela maneira, Jesus deixa categoricamente evidente que aquilo que realmente somos se encontra na nossa realidade subjetiva. Os acusadores FARISEUS usaram do normativo objetivo, isto é citaram a lei o que estava escrito, usaram aquilo que os condenaram. Há muita facilidade em usar o que está escrito para fazer aferição moral sobre o outro, mas quando internalizamos a ética e a moral descobrimos que somos uma fraude e que a moral é da maioria, mas quando internalizada essa maioria se desfaz como com aconteceu com os acusadores moralistas.

Gostaríamos de ressaltar aqui que a violação da NORMA JURÍDICA A SENTENÇA DE MORTE impediu que aquela mulher fosse morta.

Os Princípios normativos, o legalismo só visa uma coisa a destruição do semelhante. Não confere vida nem recuperação, mas exclusão social e morte. ISSO PORQUE NOS JULGAMOS MAIS SANTO QUE O OUTRO. MAS QUEM É O SANTO? TODOS OS CRENTES EM JESUS INDEPENDENTE DA SUA CONDULTA ÉTICA/MORAL.

O Filho que estava no chiqueiro com os porcos era santo. Por que? Porque quem é filho nunca deixa de ser filho. O PAI não tem filho que não seja santo, independente de como o filho se encontra moral e eticamente, ainda que sofrendo conseqüências por determinadas decisões, não perderá a paternidade. Quem é pai nunca deixa de ser pai. O PAI sacrifica a sua honra, corre em direção ao filho, mal cheiroso, para demonstrar o seu amor.


QUEM SOMOS NÓS PARA EMITIRMOS JUÍZO DE VALOR SOBRE ALGUÉM?


Richard Holloway em seu livro “ Another country, another king, eu traduzi uma belíssima e sincera declaração que gostaria que todos que aqui estamos prestassem atenção:

“Cristãos profissionais, líderes de igrejas ou pregadores têm plena consciência de que são contradições ambulantes, fraudes autorizadas. Por outro lado, como figura pública é representante da mensagem cristã e as pessoas projetam em nós suas expectativas e anseios pessoais (...). Por dentro, temos tantas dúvidas, temores, ansiedades, cobiças quanto qualquer outra pessoa (...). Deus recorre efetivamente à fraude que somos, criaturas falhas e confusas, para dirigir às pessoas, confrontando-as, desafiando-as e consolando-as. Tornamos uma vez mais à ambigüidade, à ambivalência. A carne, o sangue e as neuroses galopantes ainda nos controlam em grande parte, mas Deus nos usa mesmo assim”

Só que na situação do fariseu o que veremos daqui um instante que se deu de maneira diferente: ele subiu ao templo para orar sentindo-se uma fraude autorizada, mas desceu uma fraude reprovada.

Ainda bem que nós os cristãos somos fraudes autorizadas, não é verdade? Somos fraudes! Veremos isso quando falarmos do publicano.

4. Uma outra característica do fariseu que ele tinha uma personalidade narcísica.

Tanto na psicanálise quanto na psiquiatria o narcisismo é considerado uma patologia reconhecida como Transtorno de personalidade. Indivíduos com esse transtorno se julgam grandiosos, os melhores possuindo a necessidade de admiração e aprovação de outras pessoas em excesso.

porque não sou disse o fariseu da parábola contada por Jesus. Esta maneira última e final de dirigir-se a si mesmo caracteriza a figura de um narcisista, ao dizer não sou, ele está dizendo eu sou.

O narcísico tem a necessidade de constantemente se auto-afimar, de dizer que é o melhor, que sabe tudo (síndrome do sabe-tudo), se alguém está no mesmo espaço com ele e fazendo a mesma coisa, ele é maquiavélico em preterir o outro com medo de perder o seu lugar. Ele necessita a todo momento ser visto e elogiado, tem necessidade de dizer o que faz e o que fez, tem uma grande necessidade de sentir-se querido e admirado por todos, quem , sem dúvida alguma, têm que achá-lo maravilhoso. Sente-se merecedores de uma grande admiração e respeito de todos que o conhecem, que devem sempre, de bom grado, satisfazer todos seus desejos e tratá-los de maneira especial. Adora ser o centro de atenção. Ele é no mínimo o máximo. Assim era o fariseu da Parábola contada por Jesus eu Não sou, porque sou.

E apesar de ser, eu faço: Faço jejum duas vezes na semana e dou o dízimo de tudo o quanto possuo. Ora, eu não sou o máximo? Eu consigo ser e não ser! Eu sou o cara! Não sou como aquele Publicano.


QUEM ERA O PUBLICANO?


Rendeiro ou adjudicatário do Estado, encarregado da arrecadação de imposto. Os publicanos eram rejeitados na sociedade por cobrarem imposto além de devido, eram vistos como ladrões, injustos, maquiavélicos. Acredito que o fariseu na sua oração ao dizer não ser roubador, adúltero e injusto era uma indireta para acusar o publicano que provavelmente fazia tudo aquilo dito pelo fariseu. O publicano era roubador, injusto e adúltero.

Mas como foi que o publicano se dirigiu ao verdadeiro Deus. “Ó Deus, sê propício a mim pecador” Observe que ele não ora de si par si mesmo. Ele ora como se estivesse olhando num espelho e vendo a imagem de um homem reprovado, só que essa imagem não era ele era outro.

Da mesma maneira o fariseu orou como se estivesse se vendo num espelho, ao ver-se se via um homem justificado, por ser narcísico se veria sempre como o melhor só que o que ele via não era ele era outro.

Os espelhos no templo estavam trocados mas Jesus coloca o espelho no seu devidos lugares. O que se julgava justificado foi reprovado. O fariseu subiu ao tempo como fraude autorizada e desceu uma fraude reprovada.

O publicano subiu ao templo para orar como uma fraude reprovada e desceu uma fraude autorizada, justificada, pois esta foi a sua oração:

Sê propício a mim pecador.

A palavra propício vem de propiciação do grego, transliterado ilasmós, que quer dizer: Senhor me substitua, assuma a minha culpa tome o meu lugar e faça por mim aquilo que eu não consigo fazer. Essa foi a oração do publicano ao dizer: Sê propício! Jesus diz que este (o publicano) desceu do templo justificado e o fariseu não.


CONCLUSÃO

Logo ninguém é e será justificado em seu moralismo ético e religioso, somente será justificado aquele a quem o Senhor assume a culpa, substitui, toma o lugar e faz por ele aquilo que ele não consegue fazer.

Quero encerrar lendo com os presentes no evangelho de João 6.28,29.

Dirigiram-se, pois a ele, perguntando: “Que faremos para realizar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado”.


O que Deus SOMENTE leva em consideração?


Observem que um grupo se dirige a Jesus com a preocupação voltada para o fazer: “Que faremos”? Logo após, eles apresentam o substantivo obra no plural “obras”

Jesus ao responder despluraliza o substantivo “obras” e diz: “A obra” no singular. Troca o verbo fazer usado pelo grupo pelo verbo crer, ao dizer: “ que creiais”

Fica, assim evidente que o verso 28 é a religião, mas o verso 29 é o Evangelho.

No verso 28 encontramos o fariseu, todavia, no verso 29 encontramos o publicano.

Percebe-se então a transparência que Deus leva SOMENTE em consideração a nossa em JESUS e mais nada.

Que Deus a todos abençoe !!!