sábado, 8 de maio de 2010

A MORAL NA CARTA AOS GÁLATAS E A LEI



Há uma relação de práticas na carta aos Gálatas, no capítulo cinco, ao que se refere as obras da carne: A entrada no Reino de Deus dependerá se os cristãos não as praticarem?



“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca dos quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas na herdarão o reino de Deus” (Gl 5.19-21).


Faz-se necessário observar que tais comportamentos encontramos na Igreja em Corinto, entretanto, o Apóstolo Paulo, em momento algum emitiu o juízo de quem praticasse alguns dos comportamentos citados sobre as obras carnais não entrariam no reino de Deus, pelo contrário, ele os declara santificados, justificados cujo Espírito de Deus habita. (I cor 1.2; 3.1-3; 3.16; 5.1-5; 6.15-19)., Deste modo compreende-se que os galacianos na herdariam o reino de Deus por estarem sob a Lei e não sob a graça. Razão maior da carta escrita aos Gálatas: a valorização da Lei preterindo a graça de Deus. Pois se tais pecados impedem de alguém entrar no reino de Deus, e o não praticar a entrada, a ética e a moral passariam ter poder salvífico. Logo, não é assim! Os desvirtuamentos éticos e morais podem abundar, contudo, jamais sobrepujarão a superabundante graça, do contrário, o evangelho tornar-se-ia um engodo, uma fábrica de mentiras, como muitos têm feito. Não é assim que ensina as Escrituras. Todos os sistemas éticos, morais são destruídos pela graça de Deus, pois tais sistemas ao serem internalizados condenam todos os homens sem exceção. Daí conclui-se que as virtudes não são melhores que nossos vícios, diz Lutero, a diferença é somente uma questão de gosto. Algumas pessoas gostam do vício outras da virtude. Ambas fazem o que gostam. E a virtude pode ser a mais perigosa, exatamente porque recebe a aprovação de todos. Sendo assim, ter o nome cristão consiste apenas tomar e não no fazer. Tomar única e exclusivamente de Cristo. Quando alguém começa a considerar o que faz, demonstrando-se piedoso e virtuoso já perdeu o nome de cristão.



O sacrifício expiatório de Cristo não foi para os piedosos e virtuosos, por essa razão Martinho Lutero aconselha Melanchthon: “ Seja um pecador e peque corajosamente, mas creia ainda mais corajosamente e exulta em Cristo, que é o vencedor do pecado, a morte e o mundo”. Os ideais de piedade, santidade de virtudes são enganosos, eles criam um brilho ficcional conduzindo muitos pela procura do Santo Graal. Cristo ajustou contas com o pecado, logo, é impossível que haja algum pecado que não seja removido por Ele e somente por Ele. Vale então, ressaltar, que Cristo não se relaciona com virtuosos e sim com o pecadores (I João 1.10), sendo assim: “Seja um pecador e peca corajosamente, mas crê ainda mais corajosamente e exulta em Cristo, que é o vencedor sobre o pecado.”



Poderia alguém argumentar ao citar Romanos 6.1,2 “ Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” O pecado não é um ideal de vida para o cristão, estes realmente morreram para o pecado, mas o pecado não morreu para eles. “Se dissermos que na temos cometido pecado fazemo-lo mentiroso e a sua palavra [logos, Cristo] na está m nós” (I João 1.10). Logo, Cristo só está no cristão que comete pecado, do contrário Ele nunca estará.