segunda-feira, 11 de junho de 2012


                                                     SÍNDROME DE OTELO
           
                   
    A jovem senhora Elize Matsunaga após ter a certeza, através de informações investigativas de detetives que ela mesma contratou, que o marido, Marcos Matsunaga, tinha uma amante, o mata e o esquarteja, estando ela dominada por um excessivo e monstruoso sentimento de ciúme.
      
    Afim de  entendermos o que leva uma pessoa cometer tamanha atrocidade,  estaremos fazendo algumas abordagens que parece fazer algum sentido a essa erupção emocional súrtica, de aparência sociopática, que abalou toda a sociedade brasileira.
   
    Nossa abordagem visa perseguir esse sentimento que pode estar numa parte obscura de nós mesmos. 


   O conceito de ciúme mórbido ou patológico, também chamado de Síndrome de Otelo, em referência ao romance shakeasperiano escrito em 1964 compreende várias emoções e sentimentos irracionais e perturbadores, acompanhados de comportamentos inaceitáveis ou bizarros .


Nas palavras de Mira y López: “Na realidade, o ser ciumento trava uma batalha consigo próprio, e não contra quem ama ou contra quem cobiça o bem amado. É no próprio núcleo desse amor "ciumento” que se engendra a inquietação e cresce a biotoxina que o envenena”.


  Em geral, a pessoa ciumenta desconfia de seu próprio valor e, por isso, tende a julgar que não é tão importante e nem é bastante amada. Nas sociedades monogâmicas o ciúme se associa à honra e moral.


 O conceito de ciúme mórbido ou patológico compreende vários sentimentos perturbadores, desproporcionais e absurdos, os quais determinam comportamentos inaceitáveis ou bizarros. Esses sentimentos envolveriam um medo desproporcional de perder o companheiro(a) para um(a) outra pessoa, vista como rival. A desconfiança excessiva e infundada, gera significativo prejuízo no relacionamento interpessoal.
  
  Alguns autores não consideram fundamental para o diagnóstico a crença superestimada da infidelidade, sendo mais importante o medo da perda do outro. Sendo patológico, o ciúme  se apresenta na sua irracionalidade.


No ciúme patológico várias emoções são experimentadas, tais como a ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e desejo de vingança. O portador da síndrome de Otelo é um vulcão emocional sempre prestes à erupção.
    
   Segundo a psicanálise freudiana o ciúme faz parte da natureza humana e se instala na infância, tendo como ponto central o complexo de Édipo, ou seja, o ciúme que a criança sente do pai que ama, pois este entra como um terceiro na relação entre o bebê e sua mãe. Já para alguns autores o ciúme seria o medo disfarçado em amor, ou fruto de relações narcisistas na infância. Ele passa a ser considerado anormal quando o amor entre duas pessoas visa o preenchimento narcísico daquele que sente ciúme. Para estas pessoas é muito difícil para não dizer quase impossível desenvolver e cultivar um amor verdadeiro, pois todas as suas relações (inclusas as de amizade) baseiam-se no cultivo de uma necessidade preencher um vazio próprio. Os ciumentos não amam, mas si amam.
  
  O relacionamento com pessoas que o ciumento julga serem inferiores a ele, geralmente se mostram perfeitamente normais, mas quando se relacionam com pessoas que ela julga serem superiores a si no intelecto, socialmente, profissionalmente, culturalmente, etc., passam a sentir-se humilhadas. 


  Nestes casos o indivíduo se estrutura dentro de um mecanismo de defesa que visa evitar as situações de risco, passando a se relacionar apenas com pessoas que preencham suas necessidades e não ofereçam risco, neste caso há homens que só se relacionam com mulheres, indivíduos que procuram relacionamentos somente com pessoas mais novas ou com aquelas que normalmente encontram problemas relacionados a situações de discriminações . Nestes casos ela se sente segura e em suas fantasia inconsciente se achando que estará imune ao sofrimento.