domingo, 15 de abril de 2012



O SENTIDO DA PÁSCOA


O sentimento pascal muito provavelmente não é experimentado por muitos. Nesta observação incluo todos os cristãos. Diante de uma trajetória do povo hebreu (judeu), ao serem libertos por Deus das mãos do Faraó, designação esta, dada ao rei egípcio, lemos a linda história de um Deus que se preocupa com o caminho, com o itinerário do homem. Diz-nos o texto que o Senhor ia adiante do seu povo, durante o dia numa coluna de nuvem, para o guiar e durante à noite numa coluna de fogo, para alumiar, afim de que eles não se perdessem nas trevas (Ex. 13.21). Deus nunca os abandonou naquele deserto existencial.

Agora, eles se deparam com uma situação, não desértica, mas de água. O mar vermelho ou mar de juncos. Eles precisavam atravessar para o outro lado. Como? Deus intervém instrumentalizando Moisés, o mar se abre e o povo passa.

Estando do outro lado, a páscoa é institucionalizada. Por que páscoa? Porque ela significa libertação das opressões. Ela tem por finalidade apontar que Deus está no caminho com seu povo independente das circunstâncias, das dores, dos sofrimentos, como diz Martinho Lutero, Deus está presente com seu povo até mesmo na lama. Ele está com seu povo na angústia, ainda que seja a celebração da páscoa. O profeta Naum, afirma que "Deus é bom, socorro bem presente na angústia." ou seja, a bondade de Deus não impede que o seu povo, passe por momentos angustiantes, por aflições.

"Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a festa da páscoa. Quando ele (Jesus) atingiu os doze anos, subiram, segundo o costume da festa. Terminados os dias da festa, ao regressarem permaneceu o menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem" (Lc. 2.41-43).

Observem que há uma diferença entre o realizar a festa pascal e a páscoa. A páscoa se evidencia quando Deus está no caminho, como vimos anteriormente. Ele, o Senhor, conduzindo o povo pelo deserto e por dentro do mar. Páscoa é Deus presente vinte quatro horas com os seus. Todavia, Maria, José e muitos celebram a páscoa, mas estão sem Jesus no caminho. Logo, não é páscoa é desespero. Diz-nos o texto de Lucas que eles (Maria e José) procuravam por Jesus entre amigos e conhecidos, contudo ninguém tinha uma resposta que satisfizesse a angústia do coração. Este sofrimento, segundo o Evangelho durou setenta e duas horas, isto é, três dias.

Páscoa não é celebração do passado. O Apóstolo Paulo afirmou categoricamente que Jesus é a nossa páscoa (ICo 5,7). Páscoa é uma celebração contínua do presente.
Maria, José e outros entenderam e entendem que a Páscoa têm como causa inicial, Deus conduzindo os seus eleitos até Jesus.
Páscoa e dor humana se conjugam num mesmo tempo, pois na páscoa dá-se o encontro do sofrimento com a alegria. Uma troca alegre.
 "Teu pai e eu ANGUSTIADOS estávamos a tua procura" (Lc. 2.48).