domingo, 13 de novembro de 2011

FRUSTRADO NO SEU SUCESSO

"Veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: (2)Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim. (3)Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR".

Nínive, a capital da Assíria, tornou-se famosa por sua crueldade. Seus métodos de tratar os vencidos em combate incluíam decepar as mãos, vazar os olhos, outra prática muito comum em Nínive era o esfolamento, em que a pele da pessoa era tirada, com prática e com requintes de desumanidade, era um outro método de tratar os vencidos. Eles também espetavam o condenado em uma estaca, pelo ânus, deixando-o assim até morrer. Por que Jonas foge para Társis? Conforme lemos em Isaías 66.19: “Porei entre elas um sinal e alguns dos que foram salvos enviarei às nações, a Társis, Pul e Lude, que atiram com o arco, a Tubal e Javã, até às terras do mar mais remotas, que jamais ouviram falar de mim, nem viram a minha glória; eles anunciarão entre as nações a minha glória”; Társis é uma cidade onde a Palavra de Deus não está. Tudo muito bem arquitetado. A administração moderna diz que planejamento é garantia de 50% de sucesso, no entanto, Jonas vai meter-se numa terrível enrascada. Jonas tinha uma teologia própria sobre Deus. Jonas queria que Deus tivesse um ponto de vista igual ao dele. Jonas não crê em uma verdade – ele é a verdade. Jonas define quem merece e quem não merece a GRAÇA DE DEUS.Interessante observar que Jonas é o único profeta em toda a Bíblia que pagou a passagem para viajar. Deus não negocia com o comportamento dele.

O comportamento de Jonas trouxe grandes prejuízos materias. As malas com pertences naquela viagem foram lançadas ao mar pelos marinheiros. Enquanto eles queriam se salvar, Jonas todavia, se encontrava num sono indiferente. Contudo, o mestre do navio que era um pagão diz o que Jonas deveria fazer, ou seja, ele deveria orar. Um crente aconselhado por um não crente a orar. O não crente na sua ignorância aconselha aquele que não é ignorante sobre a oração. A ignorância daquele é mais sábia que o saber de Jonas sobre Deus.

Surge agora o maior de todos os contrastes do livro: o temor de Deus, que o homem de Deus deveria ter, mas não tem; os não-crentes, que não deveriam ter, têm – dar-se-á o caso dos não-crentes serem um exemplo melhor que os próprios crentes. O texto diz que Jonas teve “temor”, enquanto os marinheiros ficaram possuídos de “grande temor” – a espiritualidade errada dos pagãos era melhor do que a espiritualidade certa do crente Jonas. O sentimento dos marinheiros por um deus falso era mais verdadeiro do que o sentimento falso de Jonas pelo Deus verdadeiro – temeram mais a Deus que o homem de Deus.

Observemos que o interesse pela vida de Jonas pelos marinheiros pagãos é categoricamente nobre, enquanto Jonas, ao dormir no porão do navio não se preocupava com a vida deles. O que então diferencia o crente Jonas dos não crentes pagãos? Somente a sua confissão de fé: "Sou hebreu e temo ao Senhor" O Jonas convertido se evidencia tão somente numa mudança de linguagem. Ele confessa que Deus é o Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra. A conversão não implica em dizer que há um comportamento modificado, do contrário não seríamos mais pecadores (I João 1.10; Lucas 18.9-14). A conversão se evidencia somente numa mudança de discurso. "Se com a tua boca confessar...". Mas alguém poderia dizer que conhece uma pessoa que roubava e agora não rouba mais, ótimo! Mas para deixar de ser ladrão não é necessário ir para igreja, para deixar de beber, de fumar, ou fazer qualquer coisa que se julgue certa. Para fazer o que é correto ninguém será cristão. E para fazer o que é correto não é necessário frequentar qualquer igreja evangélica. Embora, há um reconhecimento que o evangelho tem um poder socializador, contudo, a subjetividade humana permanece a mesma. A pessoa que roubava ou praticava outros atos, está sujeita a repetir ou viver conflitante com as tais realidades que se encontram nelas de maneira reprimida. A moral cristã que a ela foi imposta conduz lutar contra os desejos prejudiciais aos outros e a si mesmo, contudo o coração humano tem poder de iludir a essência humana. Segundo o profeta Jeremias lemos: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas e perverso, quem o conhecerá” ? O Jonas homem iracundo, Abraão mentiroso ao ponto de se declarar um nada, ou seja, o pó da terra, Jacó usurpador, enganador, Sanção não tem nada de bom para falar dele, Davi homem segundo coração de Deus com vários desvios éticos e morais, se declara verme, Paulo, apóstolo se declara um homem miserável. O convertido Jonas não queria a salvação dos ninivitas! Provavelmente ele sabia, que a conversão implicaria somente em reconhecer Deus como o Senhor de maneira declarativa, o que não implicaria dizer que tais homens deixariam de ser cruéis. Do contrário, Jonas não seria um convertido ao desejar a morte de cento e vinte mil assírios. Os pagãos que no navio, não eram convertidos ao Deus verdadeiro desejaram a preservação da vida de Jonas. Pela compreensão equivocada e ensinada que se tem de conversão, parece que os pagãos eram convertidos e Jonas, não.

Jonas também parece apresentar uma característica de um psiquismo narcisista. O olhar que ele tem à vida se volta para um espelho, onde a sua decisão está fundamentada no que ele vê e que se torna mais agradável e prazeroso para ele.
Após a punição de Jonas ao ser lançado no mar e engolido por um enorme peixe, ele é vomitado numa praia em Nínive.

"Veio a palavra do SENHOR, segunda vez, a Jonas, dizendo: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que eu te digo. Levantou-se, pois, Jonas e foi a Nínive, segundo a palavra do SENHOR. Ora, Nínive era cidade mui importante diante de Deus e de três dias para percorrê-la. Começou Jonas a percorrer a cidade caminho de um dia, e pregava, e dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída. E os homens de Nínive creram (...) Jonas desgostou-se extremamente disso, e ficou todo ressentido (...) Por isso me preveni, fugindo para Tarsis, pois sabia que és Deus piedoso e misericordioso, longânimo e grande em benignidade". (Jn. 3.1-5; 4.1,2).

Jonas esperava e desejava ardente que após a sua pregação os assírios todos fossem mortos por Deus, mas eles creram na palavra que Jonas pregou, o que veio contrariá-lo profundamente. Jonas não queria de hipótese alguma a conversão deles. Jonas se sente frustrado no seu sucesso.

Jonas deseja a sua morte ao dizer para o Senhor: "Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver" (Jn. 4.3).
Deus fala com Jonas após o seu sentimento de dor para com uma aboboreira que morreu, quando esta protegia o profeta do sol: "Então disse Deus a Jonas: é acaso razoável que assim te enfades por causa da aboboreira? E ele disse: É justo que me enfades a ponto de desejar morte. E disse o Senhor: Tiveste compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu. E não hei de ter compaixão da grande cidade de Nínive em que estão cento e vinte mil homens"?


Jonas não se preocupou com a vida dos marinheiros pagãos como visto anteriormente. Enquanto estes se preocuparam coma a vida de Jonas, remando com todo esforço para não jogá-lo ao mar. Jonas também, não teve nenhum interesse pela conversão dos ninivitas (assírios) desejava que eles morressem. Fica muito claro no texto que Deus e os pagãos tem algo em comum: sentimento de valor a vida humana, enquanto o crente Jonas desejava a morte de todos aqueles covardes e criminosos assírios.

O amor de Deus gera um profundo constrangimento em Jonas e porque não dizer em nós também, talvez tivéssemos o mesmo sentimento do profeta!